No dia 1º de janeiro, enquanto o mundo comemora o dia
mundial da paz, primeiro dia do ano, a Igreja comemora o dia de Santa Maria,
Mãe de Deus. É dia santo, dia de preceito e mistério. Esse título de Nossa
Senhora contém toda a profundidade da nossa fé. Não é à toa que A Igreja
colocou esta festa no primeiro dia do ano.
Origem
Nesta data celebrava-se, antigamente, a festa chamada
Circuncisão do Menino Jesus. A circuncisão é uma cerimônia dos judeus que, como
sabemos, acontece oito dias após o nascimento dos meninos. Assim aconteceu com
Jesus. Hoje, porém, a Igreja comemora neste dia solenidade da Santíssima Virgem
Maria Mãe de Deus. Esse título foi dado a Nossa Senhora no Concílio do Éfeso,
que aconteceu em 431. Nessa ocasião a Igreja proclamou Virgem Santíssima
como “Theotókos”, expressão grega que significa Mãe de Deus.
Mistério
A festa de Santa Maria Mãe de Deus celebra o mistério da
maternidade divina que foi dada a Nossa Senhora. De fato, quando Maria se
tornou Mãe de Jesus, o Filho de Deus, por consequência e por graça do Espírito
Santo, ela se tornou também Mãe de Deus. A criatura se torna Mãe daquela pelo
qual todas as coisas foram feitas, Jesus. É um mistério que revela a humildade
de Jesus, que aniquilou-se a si mesmo tornando-se semelhante a nós, sendo
gerado no seio da Virgem Maria. Jesus deu a Maria o direito de chama-lo de
“Filho”. E Ele, por sua vez, a chama de sua Mãe.
Elo de união entre a terra e o céu
Quando a Virgem Maria disse seu SIM a Deus, ela tornou-se o
elo de união entre o céu e a terra. E quando ela deu à luz seu filho Jesus,
este elo se concretizou. Através dela, Jesus se fez homem. Através dela a
salvação de Jesus entrou no mundo. Por isso, esse dia primeiro de Jesus janeiro
é também um dia de gratidão à Mãe Santíssima, pelo sim despojado e cheio de
amor que ela disse a Deus.
Mãe, educadora, formadora
Hoje a ciência sabe que os primeiros 5 a 7 anos de vida de
um ser humano determinam quem ele será
quando adulto. Quando observamos o homem
Jesus e vemos a plenitude de humanidade, de bondade, de sabedoria e de força
que Ele carrega, precisamos lembrar que este homem foi formado num lar e teve
como Mãe e formadora Maria Santíssima. Ela o acompanhou quando Ele estava
formando sua personalidade humana na primeira infância. E se a personalidade
humana de Jesus é tão fascinante, tão cheia de amor, tão cativante, Maria teve
papel importantíssimo na “formação humana do Filho de Deus”.
Bendita entre as mulheres
Quando Santa Isabel recebeu a visita da Virgem Maria, ficou
cheia do Espírito Santo e assim, plena do Espírito de Deus, exclamou: "Bendita
és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre." (Lc.
1,42). O Fruto do ventre ao qual Isabel se referia é Jesus, o Filho de Deus,
nosso Senhor e Salvador. Por isso, todo aquele que aceita o Filho, Jesus, aceita
também a Mãe, Maria. Maria é bendita entre as mulheres não por vontade própria,
mas por vontade de Deus. Foi Deus quem a fez bendita entre as mulheres.
Dogma de fé
A afirmação da Virgem Maria como Mãe de Deus tornou-se um
dogma de fé. O Concílio de Éfeso proclamou este Dogma no ano 431. O texto diz o
seguinte: “Maria se tornou, com toda a verdade, Mãe de Deus. Mãe de Deus,
por ter concebido humanamente o Filho de Deus em seu seio: Mãe de Deus,
não porque o Verbo de Deus dela tenha recebido a natureza divina, mas porque
dela recebeu o corpo sagrado, dotado duma alma racional, unido ao qual, na sua
pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne.” DS 251. Este
reconhecimento de Maria foi feito, primeiramente, pelo próprio Espírito Santo,
como lemos no Evangelho de Lucas que Isabel, cheia do Espírito Santo, chamou
Maria de “mãe de meu Senhor" (Lc1, 43).
Em livro, são João Paulo II explicou porque Maria é mãe
de Deus
[A contemplação do
mistério do nascimento do Salvador tem levado o povo cristão não só a
dirigir-se a Virgem Santa como a Mãe de Jesus, como também a reconhecê-la como
Mãe de Deus. Essa verdade foi aprofundada e compreendida como pertencente ao
patrimônio da fé da Igreja, já desde os primeiros séculos da era cristã, até
ser solenemente proclamada pelo Concílio de Éfeso no ano 431.
Na primeira
comunidade cristã, enquanto cresce entre os discípulos a consciência de que
Jesus é o Filho de Deus, resulta bem mais claro que Maria é a Theotokos,
a Mãe de Deus. Trata-se de um título que não aparece explicitamente nos textos
evangélicos, embora eles recordem a Mãe de Jesus e afirmem que Ele é Deus (Jo. 20,28; cf. 05,18; 10,30.33). Em todo o caso, Maria é
apresentada como Mãe do Emanuel, que significa Deus conosco (cf. Mt. 01,22-23).
Theotokos não tem nada a ver com mitologia
Já no século III,
como se deduz de um antigo testemunho escrito, os cristãos do Egito dirigiam-se
a Maria com esta oração: “Sob a vossa proteção procuramos refúgio, Santa Mãe
de Deus! Não desprezeis as súplicas de nós, que estamos na prova, e livrai-nos
de todo perigo, ó Virgem gloriosa e bendita” (Da Liturgia das Horas). Neste antigo
testemunho, a expressão Theotokos, Mãe de Deus, aparece pela primeira vez de forma explícita.
Na mitologia pagã,
acontecia com frequência que alguma deusa fosse apresentada como Mãe de um
deus. Zeus, por exemplo, deus supremo, tinha por Mãe a deusa Reia. Esse
contexto facilitou talvez, entre os cristãos, o uso do título Theotokos,
Mãe de Deus, para a Mãe de Jesus. Contudo, é preciso notar que esse título não existia, mas foi criado pelos cristãos, para exprimir uma fé que
não tinha nada a ver com a
mitologia pagã, a fé na concepção virginal, no seio de Maria, d’Aquele que,
desde sempre, era o Verbo Eterno de Deus.
O Concílio de Éfeso proclamou Maria Mãe de Deus
No século IV, o
termo Theotokos é já de uso frequente no Oriente e no Ocidente. A
piedade e a teologia fazem referência, de modo cada vez mais frequente, a esse
termo, já encontrado no patrimônio de fé da Igreja.
Compreende-se, por
isso, o grande movimento de protesto, que se manifestou no século V, quando
Nestório pôs em dúvida a legitimidade do título Mãe de Deus. Ele, de fato, propenso a considerar Maria somente como Mãe do homem Jesus, afirmava que só era doutrinalmente correta a expressão Mãe de Cristo. Nestório
era induzido a esse erro pela sua dificuldade de admitir a unidade da pessoa de
Cristo, e pela interpretação errônea da distinção entre as duas naturezas divina
e humana presentes n’Ele.
O Concílio de Éfeso,
no ano 431, condenou as suas teses e, afirmando a subsistência da natureza
divina e da natureza humana na única pessoa do Filho, proclamou Maria Mãe de
Deus.
As dificuldades e as
objeções apresentadas por Nestório oferecem-nos agora a ocasião para algumas
reflexões úteis, a fim de compreendermos e interpretarmos de modo correto esse
título.
O que quer dizer Theotokos
A expressão Theotokos,
que literalmente significa aquela que gerou Deus, à primeira vista pode
resultar surpreendente;
suscita, com efeito, a questão sobre como é possível que uma criatura humana
gere Deus. A resposta da fé da Igreja é clara: a maternidade divina de Maria
refere-se só a geração humana do Filho de Deus e não, ao contrário, à sua
geração divina. O Filho de Deus foi desde sempre gerado por Deus Pai e é Lhe
consubstancial. Nessa geração eterna, Maria não desempenha, evidentemente,
nenhum papel. O Filho de Deus, porém, há dois mil anos, assumiu a nossa
natureza humana e foi então concebido e dado à luz por Maria.
Proclamando Maria Mãe de Deus, a Igreja quer, portanto, afirmar
que Ela é a Mãe do Verbo encarnado, que é Deus. Por isso, a sua maternidade não se refere a toda a Trindade, mas unicamente
à segunda Pessoa, ao Filho
que, ao encarnar-se, assumiu dela a natureza humana.
A maternidade é
relação entre pessoa e pessoa: uma mãe não é Mãe apenas do corpo ou da criatura
física saída do seu seio, mas da pessoa que ela gera. Maria, portanto, tendo
gerado segundo a natureza humana a pessoa de Jesus, que é a pessoa divina, é
Mãe de Deus.
Ao proclamar Maria Mãe de Deus, a Igreja professa com uma única expressão a sua fé
acerca do Filho e da Mãe.
Essa união emerge já no Concílio de Éfeso.
Com a definição
da maternidade divina de Maria, os padres queriam evidenciar a sua fé à
divindade de Cristo. Não obstante as objeções, antigas e recentes, acerca da
oportunidade de atribuir esse título a Maria, os cristãos de todos os tempos,
interpretando corretamente o significado dessa maternidade, tornaram-no uma
expressão privilegiada da sua fé na divindade de Cristo e do seu amor para com
a Virgem.
Theotokos garantia da realidade da Encarnação
Na Theotokos,
a Igreja, por um lado, reconhece a garantia da realidade da Encarnação, porque como
afirma Santo Agostinho, ”se a
Mãe fosse fictícia, seria fictícia também a
carne… fictícia seriam as cicatrizes da ressurreição” (Tract. In Ev. loannis, 8,6-7). Por outro lado, ela contempla com admiração e celebra com veneração a imensa grandeza conferida a Maria por
Aquele que quis ser seu Filho. A expressão Mãe de Deus remete ao Verbo de Deus que, na Encarnação, assumiu a humildade da condição humana, para elevar o homem à filiação divina. Mas esse título,
à luz da dignidade sublime
conferida à
Virgem de Nazaré, proclama também a nobreza da mulher e sua altíssima vocação.
Com efeito, Deus trata Maria como pessoa livre e responsável, e não realiza a
Encarnação de seu Filho senão depois de ter obtido o seu consentimento.
Seguindo o exemplo
dos antigos cristãos do Egito, os fiéis entregam-se àquela que, sendo Mãe de
Deus, pôde obter do divino Filho as graças da libertação dos perigos e da
salvação eterna.]
Extraído do livro A virgem Maria de São João
Paulo II
Oração composta por São Bernardo a Santa Maria Mãe de
Deus
“Lembrai-Vos, Oh! Puríssima Virgem Maria, que nunca se
ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à Vossa proteção, implorado a
vossa assistência e reclamado o vosso socorro, fosse por vós desamparado.
Animado eu, pois, com igual confiança, a Vós, Virgem entre todas singular, como
a Mãe recorro, de Vós me valho e gemendo sob o peso de meus pecados me prostro
a vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus
humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que vos rogo. Amém”.
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